terça-feira, maio 24, 2005

CARTA ABERTA À COMUNIDADE FTC

Desde o começo do ano letivo temos enfrentado problemas de diversas ordens (acadêmicas, profissionais, trabalhistas). E o acúmulo de tantos deles nos levou à situação limite de apelar a um recurso extremo: a greve.
É bom que se diga que greve não é desejável, muito menos agradável, para nenhum dos lados envolvidos. É realmente um último recurso a que trabalhadores de todas as classes recorrem quando não conseguem se fazer ouvidos e, no nosso caso, obter ações que beneficiam a todos da nossa comunidade.
Em março, recebemos os nossos salários com atraso de alguns dias e não fizemos greve. Realizamos assembléias manifestando nosso desejo de maior respeito por parte da mantenedora. Nas reuniões com os dirigentes da SOMESB e representantes da ACCORD-FTC foram feitas promessas de que o pagamento seria depositado em dia. Em abril, houve novo atraso e então novas assembléias e novas promessas foram realizadas. Por fim, em maio, sem nenhuma comunicação dos órgãos competentes aos professores, o pagamento foi feito em cheques nominais cruzados a partir da 19h de sexta-feira, dia 06 de maio. Ressalte-se que nem todos os cheques estavam disponíveis na sexta-feira e alguns só chegaram na terça-feira. Alguns professores tentaram descontar seus cheques no caixa (por descuido, alguns não vieram cruzados), mas não havia saldo disponível para isso no início da manhã de segunda-feira, 08 de maio. Somente à tarde esses cheques puderam começar a ser sacados. Neste dia foi realizada uma assembléia em que foi decidido coletivamente que o SINPRO deveria representar os professores a partir desse momento, com um suporte legal maior. Decidiu-se também nessa mesma noite, a convocação de nova assembléia para a sexta-feira, 13 de maio, através do Sindicato, com indicativo de greve.
Na mesma noite de segunda-feira, os colegas de Feira de Santana, também reunidos em Assembléia, deliberaram pela greve por tempo indeterminado, uma vez que lá, nem os cheques havia para o pagamento dos salários. Apenas uma promessa, feita em reunião com a Mantenedora na tarde desta mesma segunda-feira, 09 de maio, de que eles receberiam seus salários paulatinamente ao longo da semana, sem esclarecer se via depósito em conta ou cheques.
Por uma semana, os professores da FTC Salvador receberam seus salários em cheques. Nessa semana, os professores e funcionários de unidades do interior não receberam sequer os cheques. Os funcionários de Salvador não haviam recebido nada. Os coordenadores estavam há dois meses sem receber seus salários. Na sexta-feira, 13 de maio, estes informes foram dados à assembléia que decidiu pela greve por tempo indeterminado até que:
a) todas as folhas de pagamento complementares em atraso dos professores de Salvador (referentes a erros administrativos, cursos de férias, orientação de monografias, entre outros problemas) fossem pagas;
b) todos os pagamentos de salários de maio (referentes a abril) de funcionários e professores de Salvador e das unidades do interior fossem efetuados;
c) houvesse a assinatura de um acordo coletivo de trabalho, mediado pelo SINPRO, uma garantia mais forte de que situações como atraso de salários não se repetiriam e que avanços seriam feitos em relação aos outros problemas de ordem trabalhista, acadêmica e profissional que nos afetam.
Durante a semana de 16 a 20 de maio de 2005 foram realizadas quatro assembléias para discutir os termos do acordo. Dessas, houve uma realizada aqui em Salvador, em conjunto com os colegas da unidade de Feira de Santana. Houve também uma série de rodadas de negociação com a SOMESB, nas quais caminhava-se a passos lentos, segundo avaliações das assembléias após cada encontro. No dia 20 de maio, diante do pagamento de todos os salários de maio em todas as unidades e da disposição da SOMESB de estabelecer as negociações do Acordo Coletivo com o SINPRO-BA/ACCORD-FTC pelas reivindicações feitas pelos professores, o corpo docente da FTC-SSA decidiu suspender a greve. Porém, mantendo-nos em estado de mobilização. Durante os próximos três dias, ainda há que ocorrer três ações, exigidas pela Assembléia:
1. Assinatura efetiva do Acordo Coletivo de Trabalho;
2. Inclusão da cláusula de estabilidade para membros da Diretoria da ACCORD e demais Comissões de Professores no referido Acordo;
3. Pagamento efetivo das folhas complementares até a próxima terça-feira, conforme documento datado de 20 de maio de 2005 e assinado pelo Sr. Vice-Presidente da SOMESB.
Assim sendo, haverá nova assembléia na quarta-feira, 25 de maio, às 17h30min, quando tais itens serão avaliados.
O Corpo Docente da FTC-SSA lamenta imensamente pelos transtornos causados à comunidade da qual fazemos parte, mas tem plena certeza que os bons frutos nascidos de movimentos como esse serão colhidos por todos que dela fazem parte.
Colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.
Atenciosamente,
ACCORD-FTC
Associação do Corpo Docente da FTC.

Salvador, 23 de maio de 2005.